Além de proteger os alimentos, a nova película comestível também elevou a quantidade de compostos fenólicos, substâncias com efeitos antioxidantes
Pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), em parceria com o Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC), conseguiram estender de três para 15 dias a vida útil de maçãs e mandioquinhas minimamente processadas com o uso de uma película comestível.
O FoRC é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP).
A película foi feita com uma combinação de pectina (carboidrato solúvel presente na parede celular de vegetais e usado para dar consistência em geleias) e glicerina (plastificante comestível que dá flexibilidade).
Posteriormente, foi incorporado ao material o extrato da polpa de abricó, rico em compostos fenólicos, como quercetina, miricetina e kaempferol.
“São compostos estudados há muito tempo pela ciência de alimentos, que já se mostraram importantes para aumentar a longevidade e reduzir os riscos de doenças crônicas”, explica Luciana Rodrigues da Cunha, professora da Ufop e coordenadora da pesquisa.
Aumento da vida útil
O desenvolvimento e os resultados da película em vegetais e frutas minimamente processados foram descritos em artigo publicado na revista BioMed Research International.
No ensaio in vitro, observou-se o sucesso das propriedades antimicrobianas dos compostos fenólicos.
Quando inseridos em conjunto com bactérias patogênicas que podem contaminar alimentos, como Staphylococcus aureus e Escherichia coli, as substâncias presentes na película se mostraram capazes de reduzir a população desses microrganismos em torno de 90%.
Resultado similar foi obtido em análises feitas com dois grupos de alimentos: um grupo que recebeu a película contendo os compostos fenólicos e outro sem.
“Foi observada uma redução de microrganismos menor do que a observada nos primeiros testes, embora ainda importante”, relata Cunha.
Entende-se por vegetais e frutas minimamente processados aqueles encontrados em supermercados já cortados, higienizados, embalados e sob refrigeração.
“Por conta disso, as enzimas das células rompidas no processamento passam a ter contato com o ar e a oxidar a superfície desses alimentos, causando uma redução dos prazos de validade em comparação aos vegetais in natura, às vezes até menores do que três dias. Isso gera um desperdício de alimentos muito grande”, comenta a professora.
Fonte: Um Só Planeta
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