A mistura com uma substância que aumenta a interação entre materiais permitiu o aproveitamento simultâneo de borracha de pneus e isopor em produtos reciclados
Dois materiais que não costumam ser reciclados, a borracha de pneus e o isopor, tiveram o reaproveitamento viabilizado com um método desenvolvido em pesquisa da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP.
Isoladamente, após o processamento, o isopor fica quebradiço e rígido, e a borracha não pode ser plastificada e remoldada.
Por essa razão, o estudo fez uma mistura dos dois resíduos com um agente compatibilizante (SBS), substância que aumenta a interação entre os materiais, e obteve um composto com maior estabilidade térmica e resistência ao impacto.
O novo material poderá reduzir a disposição em aterros sanitários dos resíduos, com aplicação em potencial na elaboração de embalagens e revestimentos, equipamentos eletrônicos, peças de eletrodomésticos e utensílios domésticos.
“Atualmente, a maioria dos resíduos é destinada a aterros sanitários, porém esta prática apresenta limitações como a necessidade de grandes áreas, cada vez mais escassas em centros urbanos, além do grande volume que tem destinação irregular e da necessidade de um controle rígido de contaminação, devido à formação de gases poluentes, como o metano e de chorume”, afirma ao Jornal da USP o pesquisador Antonio José de Andrade Junior, autor da pesquisa.
“A borracha de pneus até é reciclada, mas apresenta grandes limitações na forma de processamento. Além disso, o volume produzido anualmente é maior do que o volume reciclado, ressaltando a importância da existência de estudos para a recuperação deste material.”, acrescentou.
No caso dos resíduos poliméricos, como a borracha de pneus e o isopor, eles apresentam resistência química e são de difícil degradação em condições ambientais, permanecendo na natureza por muitos anos.
“Somada a esses problemas, existe também a fragmentação com a formação de microplásticos na natureza, que já estão sendo assimilados por nós, por meio da água e pelo consumo de outros animais”, alerta Andrade Júnior.
“Estes fatores reforçam a importância de haver estudos no intuito de dar a destinação correta para esses resíduos. Quando esses materiais são reciclados, reduz-se a demanda por matéria-prima virgem e diminui-se o volume de resíduos que seriam dispostos em aterros ou no meio ambiente.”, finalizou o pesquisador.
Fonte: Um Só Planeta
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